Mulher tira a vida do irmão com 37 facadas durante surto e diz ter agido após delírio com a filha

Camila Arruda Braz alegou à polícia que acreditava que o irmão estava abusando sexualmente de sua filha de 6 anos. Crime chocou moradores e comunidade acadêmica.

Uma mulher de 33 anos foi presa nesta terça-feira (3) em Rio Branco, capital do Acre, após matar o próprio irmão com dezenas de facadas dentro da residência da família, no bairro Tucumã. O crime, que aconteceu durante o dia, foi presenciado parcialmente por vizinhos, que acionaram a polícia ao verem a mulher deixando o local com o corpo coberto de sangue e carregando a filha de apenas 6 anos.

A autora do homicídio foi identificada como Camila Arruda Braz, e a vítima é o irmão dela, Ramón Arruda Braz, de 41 anos, estudante universitário do curso de Ciências Sociais na Universidade Federal do Acre (Ufac). Segundo a Polícia Militar, Camila declarou que estava em surto no momento do crime e que acreditava, por delírio, que Ramón abusava sexualmente de sua filha. A versão foi dada ainda durante o flagrante, quando ela foi detida nas proximidades do bairro.

De acordo com os agentes, a mulher afirmou que teve um “quadro de alucinação” e que esperou o momento em que o irmão virou de costas — enquanto atendia um pedido dela para consertar um ventilador — para atacá-lo com uma faca. A arma do crime foi localizada posteriormente, jogada sobre uma calçada próxima à cena.

Ramón foi atingido por cerca de 37 facadas, de acordo com o relatório inicial da polícia, e morreu no local antes de qualquer socorro. Ele morava na residência junto com Camila, a filha dela e outros familiares.

Fuga e prisão

Após o ataque, Camila fugiu a pé levando a filha pela mão. Vizinhos estranharam o comportamento da mulher, que aparentava estar desorientada e com marcas de sangue pelo corpo. Alguns moradores tentaram abordar a suspeita, mas ela seguiu andando até ser interceptada pela Polícia Militar poucos quarteirões depois. A criança, ilesa fisicamente, foi entregue temporariamente a uma vizinha, até a chegada da avó materna, que estava no trabalho no momento do crime.

Camila foi conduzida à Delegacia de Flagrantes (Defla), onde permanece detida. A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), deu início às investigações e trabalha para esclarecer os detalhes do caso, incluindo a apuração do estado mental da suspeita e as circunstâncias do suposto delírio alegado por ela.

Repercussão na comunidade acadêmica

A morte de Ramón teve forte repercussão entre amigos, colegas de universidade e integrantes do movimento estudantil. O Centro Acadêmico de Ciências Sociais da Ufac emitiu uma nota de pesar, lamentando a perda e destacando a atuação engajada do estudante nas lutas sociais e acadêmicas.

“Você lutou por seus ideais e acreditou na coletividade e no bem da comunidade”, diz a nota publicada nas redes sociais. “Sua partida deste plano não representa o esquecimento, mas o florescimento das sementes que você deixou.”

Ramón era conhecido por seu envolvimento em causas sociais, sua simpatia com os colegas e sua participação ativa em debates políticos e ações comunitárias. Amigos afirmaram que ele não apresentava qualquer histórico de comportamento que justificasse a acusação feita pela irmã.

Avaliação psiquiátrica será determinante

A defesa de Camila deve solicitar a realização de uma perícia psiquiátrica para avaliar seu estado mental no momento do crime. A investigação vai considerar se ela já apresentava histórico de distúrbios psicológicos ou se fazia uso de medicação controlada.

O caso reacende discussões sobre a importância do acompanhamento da saúde mental e do acolhimento psicológico em contextos familiares fragilizados. Também levanta alerta sobre crimes cometidos por pessoas em surto psicótico, sem histórico anterior de violência.

Enquanto a polícia aguarda os laudos periciais e segue ouvindo testemunhas, Camila permanece detida e deve responder por homicídio qualificado.

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