Um caso que comoveu moradores de Cuiabá (MT) vem despertando grande atenção e reflexão sobre o isolamento social e os desafios dos cuidados familiares na terceira idade.
Na última quinta-feira (9 de outubro), uma equipe de atendimento domiciliar encontrou mãe e filho sem sinais vitais dentro da residência onde moravam, no bairro Goiabeiras, em uma ocorrência que ainda está sendo investigada pela Polícia Civil.
As vítimas foram identificadas como Dirce de Arruda Brandão, de 88 anos, e seu filho Ericson Antônio de Arruda Brandão, de 60 anos. Ambos eram conhecidos na vizinhança por levarem uma vida reservada e tranquila. A descoberta abalou a comunidade, que agora busca compreender o que pode ter acontecido.
A descoberta feita pela equipe de saúde
O caso foi revelado quando uma equipe de home care, responsável pelo acompanhamento da idosa, chegou à casa para uma visita de rotina. Ao perceber que ninguém atendia à porta, os profissionais decidiram acionar as autoridades.
Quando a residência foi aberta, os corpos foram encontrados já sem vida, indicando que o falecimento havia ocorrido há alguns dias.
De imediato, a Polícia Militar isolou o local e acionou a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) e o Instituto Médico Legal (IML), que realizaram os procedimentos de remoção e análise técnica.
Hipótese principal: morte natural e falta de assistência
De acordo com informações preliminares, a principal hipótese da investigação é que o filho, Ericson, teria falecido primeiro, possivelmente por causas naturais.
Como a mãe dependia totalmente de seus cuidados diários, acredita-se que ela tenha permanecido sozinha, sem condições de buscar ajuda ou se alimentar adequadamente, o que pode ter levado ao falecimento posteriormente.
Essa hipótese reforça a importância de manter contato regular com familiares idosos, especialmente quando vivem sob cuidados limitados. Situações de isolamento e falta de monitoramento contínuo podem resultar em desfechos tristes e inesperados.
O resgate do animal de estimação
Durante o trabalho das equipes, um cachorro da família foi encontrado vivo dentro da casa. O animal foi resgatado pela equipe do Bem Estar Animal de Cuiabá, recebeu atendimento veterinário e segue em observação.
A presença do pet trouxe comoção adicional ao caso e destacou o vínculo afetivo existente no lar.
A comunidade em choque e o trabalho da polícia
Moradores da região relataram estar profundamente abalados. Segundo vizinhos, Ericson era um homem tranquilo, dedicado à mãe e visto com frequência realizando pequenas tarefas domésticas e passeios com o cachorro.
Após perceberem a ausência do filho por alguns dias, alguns vizinhos chegaram a estranhar, mas imaginaram que ele estivesse em compromissos de rotina.
Agora, a Polícia Civil investiga todos os detalhes, incluindo possíveis condições de saúde pré-existentes e a cronologia exata dos acontecimentos. O laudo oficial da Politec deve indicar as causas formais dos falecimentos nas próximas semanas.
Um alerta para a importância do cuidado com idosos
O episódio em Cuiabá tem despertado uma série de reflexões sobre solidão, saúde mental e assistência a pessoas idosas.
Especialistas em gerontologia lembram que o envelhecimento exige atenção não apenas médica, mas também emocional e social.
Muitos idosos no Brasil vivem sob responsabilidade de um único familiar, o que pode gerar situações delicadas caso algo inesperado aconteça.
Programas municipais de apoio, visitas regulares de equipes de saúde e o fortalecimento dos laços comunitários são formas eficazes de prevenir situações de vulnerabilidade e garantir mais segurança para pessoas da terceira idade.
Espera por respostas
Enquanto a investigação prossegue, a comunidade de Cuiabá mantém o sentimento de solidariedade e respeito à memória de Dirce e Ericson.
Amigos e vizinhos têm prestado homenagens e lembrado a relação de afeto entre mãe e filho, marcada por companheirismo e dedicação mútua.
A expectativa agora é que o laudo pericial traga clareza sobre o que realmente aconteceu nos últimos dias antes da descoberta.
O caso, embora cercado de mistério, também serve como um importante lembrete sobre empatia e responsabilidade social, reforçando a necessidade de olhar com mais atenção para quem vive sozinho — especialmente pessoas idosas e dependentes de cuidados diários.