Doenças infectocontagiosas continuam sendo uma preocupação constante para a saúde pública, especialmente quando surgem casos graves que expõem fragilidades no sistema de atendimento médico. A recente morte do cantor de forró Gutto Xibatada, vítima da monkeypox (Mpox), acende um sinal de alerta para a necessidade de maior atenção, prevenção e agilidade nos cuidados médicos em casos de infecção grave.
A seguir, entenda os detalhes desse caso triste que abalou o Norte do Brasil e reforça a importância da vigilância em saúde.
A Trajetória do Caso
Gutto Xibatada, conhecido por sua forte atuação no cenário do forró no Pará, faleceu no último dia 22 de abril, aos 39 anos, após enfrentar complicações severas provocadas pela monkeypox. O cantor estava internado em estado grave em um hospital municipal de Belém e, posteriormente, foi transferido para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) da unidade de saúde. Apesar dos esforços médicos, ele não resistiu.
Segundo informações divulgadas pela Secretaria Municipal de Saúde de Belém, Gutto procurou atendimento médico assim que os primeiros sintomas se manifestaram. Ele foi orientado a seguir o tratamento indicado, que incluía medicamentos específicos e isolamento, visando controlar a propagação da doença. Entretanto, seu quadro clínico se agravou de forma rápida e intensa, exigindo sua internação emergencial.
Durante o período em que esteve doente, Gutto chegou a realizar viagens para o Rio de Janeiro e a Bahia. Posteriormente, retornou a Belém, onde sua situação de saúde se deteriorou ainda mais.
Diagnóstico e Evolução da Doença
Conforme relato de familiares, a evolução da monkeypox no cantor foi extremamente agressiva. Com o avanço da infecção, Gutto perdeu a capacidade de falar, de se alimentar e até de enxergar. Esses sintomas indicam que o vírus comprometeu de maneira severa não apenas a pele — onde geralmente surgem as primeiras lesões —, mas também sistemas fundamentais para a vida.
Ainda segundo a família, o artista já vinha enfrentando dificuldades de saúde há cerca de um mês, antes de receber o diagnóstico definitivo. Após o diagnóstico, as orientações de isolamento foram repassadas, mas, infelizmente, o tratamento domiciliar não conseguiu conter o avanço da infecção.
Críticas ao Atendimento Médico
A família de Gutto Xibatada também questionou a qualidade do atendimento prestado. De acordo com os relatos, mesmo diante da gravidade do quadro, o monitoramento do paciente foi prejudicado pela dificuldade em fixar sensores de monitoramento em função das extensas lesões na pele, características da monkeypox.
Essa falha gerou indignação, uma vez que o uso de tecnologias alternativas poderia ter sido considerado para acompanhar os sinais vitais do paciente de forma segura. O episódio levanta um debate necessário sobre como os hospitais públicos brasileiros estão preparados para lidar com surtos de doenças infecciosas que apresentam sintomas atípicos e exigem adaptações no protocolo de atendimento.
A Gravidade da Monkeypox
A monkeypox, ou Mpox, é uma doença viral transmitida por contato direto com lesões, fluidos corporais ou objetos contaminados. Embora, na maioria dos casos, a doença tenha evolução moderada, pacientes com o sistema imunológico comprometido, ou que desenvolvem infecções secundárias, podem ter desfechos graves, como o que ocorreu com Gutto.
Desde que casos começaram a se espalhar em diferentes países, autoridades de saúde têm alertado para a importância do diagnóstico precoce, do isolamento correto dos infectados e do tratamento adequado para evitar complicações severas e novos surtos.
A morte de Gutto Xibatada é uma triste lembrança de que a monkeypox, apesar de muitas vezes subestimada, pode ser uma doença letal em determinados casos. Além disso, o episódio chama atenção para a necessidade de fortalecer a estrutura de atendimento aos pacientes com doenças infecciosas no Brasil, garantindo protocolos eficazes e adaptáveis às diversas condições clínicas.
O legado artístico de Gutto permanece no cenário musical do Norte do país, mas sua partida precoce deixa também uma lição de responsabilidade coletiva: é fundamental respeitar as orientações médicas, exigir assistência adequada e valorizar a prevenção no combate a doenças contagiosas.