Tragédia na Indonésia: buscas em escola que desabou chegam ao fim com 67 vítimas e 104 sobreviventes

O colapso de uma escola na Indonésia comoveu o país e o mundo, mobilizando equipes de resgate, voluntários e familiares em uma corrida contra o tempo. Após nove dias de buscas incansáveis, as autoridades confirmaram, nesta terça-feira (7), o encerramento das operações de resgate no internato localizado em Sidoarjo, na ilha de Java. O desastre deixou 67 mortos e 104 sobreviventes, entre eles dezenas de crianças e adolescentes.

A tragédia se tornou um dos episódios mais marcantes do ano de 2025 na Indonésia, acendendo alertas sobre as condições estruturais de edificações escolares e a urgência de medidas preventivas para evitar novas perdas humanas.

O desabamento e os primeiros momentos de pânico

O desabamento aconteceu em 29 de setembro, durante um momento de oração da tarde. Mais de 170 estudantes estavam reunidos em um dos salões do prédio principal do internato islâmico quando parte da estrutura cedeu repentinamente.

Testemunhas relataram que o colapso foi súbito e não deu tempo para que muitos pudessem escapar. Uma nuvem de poeira tomou conta do local, e os sons de gritos e pedidos de socorro ecoaram entre os destroços.

Equipes de emergência chegaram rapidamente à região, que foi isolada para facilitar o trabalho dos bombeiros e socorristas. Ainda assim, as operações enfrentaram grandes desafios devido à instabilidade dos escombros e às chuvas que atingiram a área nos dias seguintes.

Uma operação que se transformou em drama nacional

Durante nove dias, a Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia (Basarnas) coordenou as ações, contando com apoio de militares, voluntários e equipes médicas. O esforço coletivo envolveu mais de 500 profissionais, além de cães farejadores e maquinário pesado.

“Ao entrar no nono dia, declaramos concluída a operação de busca e resgate das vítimas”, afirmou o chefe da agência, Mohammad Syafii, em entrevista coletiva.

Segundo o diretor de operações, Yudhi Bramantyo, foram resgatadas 171 pessoas ao todo — 67 sem vida e 104 com ferimentos de diferentes gravidades. Parte dos sobreviventes continua internada em hospitais da região, recebendo acompanhamento médico e psicológico.

A operação, descrita por autoridades como “uma das mais complexas dos últimos anos”, ganhou ampla cobertura nacional e se tornou um símbolo da força e solidariedade do povo indonésio diante da dor.

O sofrimento das famílias e a busca por respostas

Desde o dia do desabamento, dezenas de familiares se mantiveram acampados próximos à escola, na esperança de receber notícias de seus filhos e parentes. Muitos acompanharam o trabalho dos socorristas de perto, em vigílias silenciosas que duraram dias.

No quinto dia de buscas, diante da dificuldade de acesso aos escombros, as famílias concordaram com o uso de máquinas pesadas para acelerar as operações — uma decisão difícil, mas necessária, após o fim do período considerado crítico para a sobrevivência.

Até o momento, apenas 17 vítimas foram formalmente identificadas, segundo informações da unidade forense da polícia local. O processo de identificação segue em andamento, e as autoridades prometem oferecer todo o suporte às famílias afetadas.

Investigações apontam possíveis falhas estruturais

O governo indonésio abriu uma investigação para determinar as causas do colapso. As análises preliminares indicam que o prédio pode ter sido construído com materiais de baixa qualidade e sem o devido reforço estrutural.

De acordo com engenheiros civis que acompanham o caso, o excesso de peso em uma das alas do edifício e falhas de manutenção também podem ter contribuído para o desabamento.

O vice-diretor da Agência Nacional de Gestão de Desastres, Budi Irawan, afirmou que “é muito improvável que ainda haja corpos entre os escombros” e destacou que o foco agora é garantir apoio humanitário e investigação técnica rigorosa para evitar novos acidentes semelhantes.

Reflexão sobre segurança e prevenção

O colapso da escola de Sidoarjo levanta uma questão urgente: como garantir que as instituições de ensino — locais destinados à formação e proteção de crianças — sejam também estruturalmente seguras?

Organizações internacionais e especialistas em engenharia alertam que, em diversas regiões da Ásia, construções antigas e de baixo custo podem representar riscos elevados em áreas densamente povoadas.

A Indonésia, localizada em uma região sísmica, enfrenta ainda o desafio adicional de tremores frequentes, que exigem projetos arquitetônicos adaptados e fiscalizações contínuas.

O governo anunciou que iniciará vistorias emergenciais em escolas e internatos de Java e outras ilhas, além de promover uma revisão nos padrões de construção e manutenção de prédios públicos.

Luto, solidariedade e reconstrução

Enquanto o país chora suas perdas, voluntários e autoridades locais unem esforços para apoiar as famílias das vítimas. Igrejas, mesquitas e organizações civis organizam campanhas de arrecadação de donativos, roupas e alimentos.

Para a população indonésia, a tragédia deixou uma lição dolorosa, mas necessária: a de que a segurança de crianças e estudantes deve estar acima de qualquer outra prioridade.

Entre lágrimas, orações e gestos de solidariedade, a Indonésia encerra uma das semanas mais difíceis de sua história recente, reafirmando a esperança de que, a partir da dor, surjam mudanças reais.

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