Um erro na dispensação de medicamento resultou em uma tragédia na cidade de São Paulo. O Tribunal de Justiça do Estado (TJSP) condenou uma farmácia a pagar R$ 21 mil por danos morais à família do pequeno Ravi Lorenzo, de apenas dois meses, que faleceu após ingerir um colírio vendido no lugar de um remédio para enjoos.
O caso aconteceu quando os pais do bebê, uma diarista e um pedreiro, procuraram uma drogaria com a receita médica para a compra de bromoprida, indicada para o controle de vômitos. No entanto, receberam por engano o tartarato de brimonidina, um colírio com contraindicação expressa para crianças menores de dois anos.
O medicamento, voltado ao tratamento de glaucoma, pode causar efeitos severos em bebês, incluindo queda da frequência cardíaca, dificuldades respiratórias, sonolência excessiva, coma e até óbito.
Defesa não convenceu a Justiça
A farmácia alegou que a receita médica era ilegível, que os pais deveriam ter lido a bula do remédio e que as embalagens seriam semelhantes. Contudo, a magistrada responsável pelo caso descartou os argumentos da defesa.
“É inaceitável transferir a responsabilidade para pais leigos. O atendimento farmacêutico exige responsabilidade e atenção, principalmente quando se trata de pacientes vulneráveis, como bebês”, afirmou a juíza.
A decisão reforça o dever das farmácias de avaliar cuidadosamente as receitas, buscar orientação médica quando houver dúvidas, e não prosseguir com a venda caso não haja clareza.
Alerta para o controle na venda de medicamentos
O caso gerou comoção e levanta um alerta para a necessidade de regras mais rígidas na dispensação de medicamentos, especialmente em relação à venda para crianças. O valor da indenização foi considerado simbólico frente à dor da perda irreparável sofrida pelos pais.
Enquanto o processo judicial representa uma forma de responsabilização, a família tenta retomar a vida marcada pela ausência precoce do bebê que mal havia começado sua jornada.